O Papel da Biodiversidade no manejo de Pragas - Miguel Angel Altieri - Evandro Nascimento Silva - Clara Ines Nicholls

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A demanda por ações sérias e responsáveis em relação aos ambientes onde vivemos - os naturais e os modificados pelo homem - vem de todas as pessoas (com exceção talvez dos que têm ganhos imediatos e grandes com sua destruição ou sua alteração). No entanto, uma sociedade de mais de 6 bilhões de pessoas tem necessidades inadiáveis e a transformação das ações humanas indiscriminadas junto ao ambiente em ações responsáveis não é automática. Essa mudança depende de uma enorme engenharia conceitual, de novos modelos e práticas às vezes complexas. Isso diz respeito ao uso da água, do solo, da atmosfera, à preservação de patrimônios genéticos, à conservação da biodiversidade e à criação de ambientes urbanos saudáveis. Não é pouca coisa. Atualmente além de ainda haver dúvida e altos níveis de tomada de decisão sobre a necessidade de abandonar práticas destrutivas dos ambientes, não existem ferramentas técnicas desenvolvidas que atendam essa demanda e há que contrariar interesses de enorme vulto.
O caso da agricultura é exemplar dessas dificuldades. Pequenos agricultores têm conseguido há séculos manter um equilíbrio nos ambientes em que trabalham, embora algumas áreas do globo já na Antiguidade tenham sido completamente destruídas e desertificadas. O atendimento da necessidade de alimento de uma população crescente e os interesses comerciais em jogo fizeram com que monocultura cada vez maiores fossem implantadas no mundo todo. O resultado, ademais do desaparecimento de ambientes naturais com sua enorme diversidade biológica associada, foi o surgimento de pragas para quem as monoculturas são o próprio paraíso. Isso trouxe agrotóxicos em quantidades brutais etc. Superar esse conjunto de forças e vetores, cuja resultante atual é extremamente comprometedora, depende de pesquisas complexas, lentas e que precisam ser honestas na avaliação de seus resultados. O papel da Biodiversidade no Manejo de Pragas tem o enorme mérito de fazer uma síntese precisa e clara dos esforços nessa área, incluindo exemplos do Brasil. Escrito por um pesquisador brasileiro e por dois pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley com uma longa experiência, o livro permite ao mesmo tempo uma compreensão dos conceitos subjacentes e das ferramentas necessárias para o trabalho. Ele será uma referência obrigatória nos próximos anos, esse esforço de conciliar a agricultura com a sobrevivência dos ambientes onde gostaríamos que a espécie humana e todas as demais espécies pudessem continuar vivendo bem.

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